As 5 maiores desculpas para não estudar e a razão pelas quais elas são inaceitáveis

Prezados,

Hoje é um dia inusitado para mim, não me lembro da última vez que parei para escrever um texto “não jurídico”. O que motiva a tanto, contudo, é acompanhar centenas de pessoas no planejamento e execução de estudos para aprovação em concursos púbicos e, no caminho, me deparar com algumas razões que recorrentemente são apresentadas para “desistir” dos estudos.

Hoje, uma pessoa me procurou no Facebook informando as razões pelas quais estava “pulando do barco”. Após ler atentamente, mostrei alguns contrapontos. Ele refletiu, analisou friamente a situação e voltou ao “barco” para só sair dele em “terra firme”. Deixou um último pedido em nossa breve conversa, que eu escrevesse sobre isso, poderia ajudar mais pessoas como ele.

Em mais de dez anos lecionando, acompanho alunos para os concursos da Advocacia Pública desde 2007. Participei da alegria de mais de mil advogados públicos que confiaram parcela de sua preparação à EBEJI como instituição e a mim como professor. Essa é a parte boa que justifica todos os esforços, horas de estudo, planejamento, ministração e investimentos pessoais de quem leciona.

Mas não é só, durante todo esse tempo tenho visto pessoas desistirem no meio do percurso, estacionarem o carro, sentarem à beira da estrada, baixarem as armas ou, como dizem alguns, se aposentarem dos concursos.

Sempre respeito, como não poderia ser diferente, as decisões de cada aluno que me procura para contar suas razões para desistir. Respeitar é uma coisa, concordar é outra. Por isso, tomo a liberdade para atender o pedido que me foi feito e listar as cinco principais desculpas que ouvi ao longo desses anos e minhas impressões sobre cada uma delas. 

1. Eu acho que não consigo!

Bom, há muito tempo Henry Ford disse o seguinte:

“Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.”

Acreditar na conquista das coisas é o primeiro passo para a realização de qualquer atividade na vida! Aqui não se trata de concurso, mas da própria razão de existir! Existimos para conquistar nossos objetivos, para realizar feitos que sejam benéficos individual e coletivamente. Acreditar que é possível é o passo inicial de qualquer projeto humano.

No que diz respeito aos concursos, a mágica está na ausência de uma regra específica para ser aprovado! Não existe equação exata que determine a aprovação de alguém. Qualquer pessoa, dentro da limitação de suas habilidades, tem, em sí, as ferramentas necessárias para assimilar conhecimento.

Não se pode ver a aprovação como algo impossível! Sugiro procurar estar, sempre que possível, com pessoas que já conquistaram seus cargos, você verá que grande parte delas acreditou na preparação, conversar com essas pessoas torna sua busca mais palpável, mais física, menos abstrata e te faz enxergar que é possível e que conseguir é questão de planejamento.

2. Eu não tenho dinheiro para estudar!

Adianto que passei pelo mesmo drama! Óbvio que ter uma fonte de renda própria ou de terceiro para dar suporte para a compra de livros, cursos, inscrições e deslocamento para realização de provas é fundamental para a aprovação. Isso não está em discussão.

Contudo, conheço pessoas aprovadas mesmo sem o cenário financeiro ideal acima descrito. Muitas vencem as dificuldades financeiras das mais variadas formas. Em tempos de informação eletrônica, o conteúdo a ser estudado pode, muitas das vezes, ser encontrado apenas por meio de “acesso à internet”.

Apenas para citar um exemplo, não poderia deixar de mencionar o excelente trabalho do Professor Márcio Cavalcanti, Juiz Federal, que revolucionou a forma de estudar jurisprudência por meio do site www.dizerodireito.com.br, todo o conteúdo é inteiramente gratuito e de altíssima qualidade.

A EBEJI possui informativos gratuitos de jurisprudência que podem ser encontrados em: https://www.ebeji.com.br//informativos/lista/4/index.html e um Blog com a participação de mais de 40 professores para a difusão de conhecimento jurídico que pode ser acessado aqui: https://blog.ebeji.com.br/.

Existe muito conteúdo na rede mundial de computadores, eles podem ser sintetizados e estudados.

As redes sociais permitem, inclusive, o acesso direto aos professores que, muitas das vezes, não se negam a tirar dúvidas e passar dicas de estudo ou preparação.

Os grupos de estudo formados nas redes permitem com que pessoas compartilhem livros físicos, resumos, questões de concurso e os mais diversos tipos de material, sempre numa rede de colaboração entre os que estão “no mesmo barco”.

Enfim, são exemplos de como a falta de dinheiro pode ser amenizada com acesso a conteúdo de qualidade a custo zero. Assim, desistir é uma decisão muito séria quando há alternativas para driblar o pouco recurso disponível.

3. Eu não tenho tempo!

A falta de tempo é geral! Dificilmente você encontrará pessoas bem sucedidas com tempo disponível nos dias de hoje.

As tecnologias, principalmente as móveis, acionaram o “start” na conexão humana, ou seja, atualmente estamos, nós os humanos, plugados em nossos smartphones e tablets vinte e quatro horas por dia. Não existe mais hora para isso ou para aquilo. As horas se condensaram para toda hora ser hora para resolver as coisas.

Sendo assim, se você não tem tempo, seja bem-vindo! Nenhum de nós tem! Tempo é um privilégio de poucos, ou seja, a sua dificuldade é enfrentada por grande parte dos que estudam para concurso, não é razão para desistir.

Se a maioria de nós não tem tempo, o que fazer? Administrar o tempo é o segredo. Encontrar a melhor divisão de tarefas dentro do seu cronograma, com respeito às suas individualidades, e manter uma disciplina fanática na execução dos projetos dentro daquilo eu foi planejado.

Estar atento às mudanças de cenário para flexibilizar o projeto inicial e saber que há dias em que se renda 200% e há dias em que se rende 20%.

Não seja escravo do tempo. Sirva-se dele, não o contrário.

Para tanto, a chave está na disciplina, de preferência, fanática no dizer do Jim Collins (https://en.wikipedia.org/wiki/James_C._Collins).

4. Eu faço concurso há anos e não passo!

O problema da reprovação!

A reprovação não deve ser o fim da caminhada, não pode ser um fim em sim mesmo, mas um meio para o aperfeiçoamento do seu plano de estudos.

Cada reprovação anuncia onde você pode melhorar seus estudos e consequentemente seu desempenho.

Lembra que falei que a mágica é não existir regra? Pois bem, a ideia é que você se conheça no percurso do aprendizado. Conheça seus pontos fracos e os fortaleça, conheça suas virtudes e as potencialize.

Ser reprovado, jogar fora prova e o gabarito sem um estudo detalhado do seu desempenho é “suicídio concursal”. A realização de provas faz parte da preparação, por isso é extremamente natural ser reprovado em concursos antes de conseguir a aprovação.

Aproveite a reprovação para conhecer sobre seus pontos fortes e fracos, não para desistir.

Imagine um atleta olímpico, ele tem milhares de treinos antes da “competição oficial” e apenas uma chance para coroar toda uma preparação.

Nos concursos não é assim, você treina “fazendo prova”, se passar antes de amadurecer a preparação, ótimo! Existe a chance, você não tem apenas uma competição oficial. Seus treinos são oficiais e podem gerar aprovação! Não é comum, mas acontece.

Aproveite as provas, não as rejeite! Estude seu desempenho, eles te farão melhorar nas próximas provas.

5. Eu não consigo abdicar de uma vida social para estudar!

Na grande maioria dos casos em que acompanho, quem estuda para concurso, não precisa “abdicar” da vida em sociedade para estudar.

A ideia de que quem estuda está trancafiado no quarto “consumindo livros” não é cem por cento correta.

Aqui, todo extremo é perigoso. Se por um lado não há como estudar sem priorizar seu tempo para a execução desse objetivo, por outro, deixar de cultivar as amizades e abandonar o convívio familiar não é uma decisão que gere bons resultados.

O que eu recomendo é se tornar seletivo, ou seja, invista na qualidade de horas de lazer que você terá. Em seu planejamento, o lazer, amigos e família devem ser premiados com tempo, invista na qualidade desse tempo, já que a quantidade inevitavelmente sofrerá redução.

Deixe com que as pessoas saibam que você está se preparando para uma grande conquista e que, pós aprovação, sua qualidade de vida e de lazer serão consideravelmente melhoradas.

Eu uso esse mecanismo com meus filhos! As crianças não se importam com o tempo, se tiveres 2 ou 10 horas para brincar, não importa, ao final elas reclamarão do mesmo jeito. Qual o segredo? Brinco 2 horas com intensidade de 10! É a melhor forma de atingir melhores índices de satisfação pessoal e dos filhotes!

Agora! Atenção! Existe um argumento para o qual eu não tenho contraponto!!! 

Professor! Eu não seria feliz exercendo um cargo público! Me encontro na iniciativa privada e ficar preso às amarras de um cargo é tudo o que eu não preciso! Quero advogar, quero ministrar aulas, quero escrever livros, quero fazer tudo isso com liberdade e sem ter que concorrer esses sonhos com o exercício das atribuições de um cargo.

Bom, para esse argumento eu apenas digo: desejo-lhe toda a felicidade do mundo! Quando alguém se encontra “fora” da estrutura estatal, no sentido de não ser feliz “dentro” dos limites do cargo, não é desculpa, é realização!

A todos, obrigado pela atenção!

A pessoa que me procurou pelo Facebook, pedido atendido!

Grande abraço, até a próxima.

Ubirajara Casado