Qual é a forma geométrica do seu estudo?

Às vezes o mais importante não é a maneira como fazemos uma coisa na vida, mas as razões pelas quais escolhemos fazer daquela forma, bem como a nossa compreensão sobre essas razões.

Evidentemente, o ideal é que ajamos sempre do modo mais assertivo e apto a alcançar os resultados desejados no menor tempo e com o menor esforço possível. Porém, errando ou acertando, o fato é que será fundamental alcançar uma noção clara sobre o que nos conduziu ao acerto ou ao erro, o que é imprescindível para elaborarmos a forma de encontrar o resultado ideal.

Ou seja, só essa compreensão sobre o todo, só o entendimento das causas e uma visão global do processo nos permitirá aperfeiçoar o que não funcionou e compreender o que não funcionou, além de melhorar uma e outra coisa.

Ok, isso vale para todas as coisas da vida. Porém, como o nosso assunto aqui é o estudo para concursos públicos, proponho a seguinte indagação: qual é a forma geométrica do seu estudo?

A pergunta pode parecer “de doido”, mas tem o objetivo de nos auxiliar na compreensão sobre a forma como organizamos e vemos o nosso próprio processo de aquisição do conhecimento.

Vejamos um exemplo.

Na faculdade de Direito, primeiramente, temos aquele contato inicial com certo assunto. Tudo parece abstrato e “bambo”. Contudo, tende a se fortalecer à medida que estudamos e adquirimos experiências práticas.

Em seguida, talvez tenhamos que tocar naquele mesmo assunto quando ele for pré-requisito para o estudo de algum outro ponto, ou até mesmo porque chegou a hora de estudar para o Exame da OAB ou algo do gênero.

Mais adiante, ainda, se a pretensão for a de se enveredar pelo mundo dos concursos, certamente a maioria dos pontos das principais disciplinas será, novamente, exigida e, mais uma vez, passaremos por questões já vistas. No entanto, será que isso será feito da mesma forma?

Existe uma forma geométrica que muito bem define um caminho que, mesmo repetindo as coordenadas percorridas (ou ao menos a angulação do vetor, para ser mais preciso), registra uma noção de ampliação, de aprofundamento.

E essa forma é a espiral.

Mas, atenção: não a confunda com a helicoide, aquela forma do arame que faz a encadernação de um conjunto de páginas. Para não restar dúvidas, veja a seguir um exemplo de espiral:

ebeji

Note que se considerarmos que a figura se inicia no centro, o movimento assumido possui tendência circular, mas se expande na medida em que progride. Assim, do ponto de vista geométrico, a espiral passa diversas vezes por cada ângulo (0 a 360 graus), porém, em cada nova passagem está sensivelmente ampliada, expandida.

Se as angulações de 0 a 360 graus representassem todos os assuntos que devem ser estudados por quem precisa se aprofundar naqueles temas, a cada nova passagem por cada um desses assuntos devemos sentir os conhecimentos ampliados, expandidos, fortalecidos. Afinal, é claro que a concepção que tivemos da primeira vez que estudamos, por exemplo, o que são os direitos e garantias fundamentais, pode ser considerada até simplória diante da consistência que o domínio sobre o tema assume quando vamos enrijecendo os conhecimentos a seu respeito.

Eis, então, as conclusões que nos parecem salutares nessa reflexão, pois, se olharmos para o nosso estudo como uma espiral, tendemos a perceber duas questões que podem ser decisivas.

Primeiramente, devemos reconhecer que não podemos subestimar o poder da repetição, a necessidade de passarmos e repassarmos os assuntos, ampliando-os e tornando-os mais naturais e firmes dentro de nós.

E, completando as conclusões, vale reconhecer que qualquer ansiedade no sentido de dominar completamente um assunto deve ser afastada, em privilégio da percepção de que é preciso maturar, sentir, viver, expandir paulatinamente e integrar os conhecimentos para a aquisição de um cabedal mais robusto de conhecimentos.

Com paciência e compreensão do todo, tende a ser mais fácil dominar os assuntos, com valorização dos benefícios da persistência. Lembre-se do poeta Gregório de Mattos, que assim disse: “O todo sem a parte não é todo, e a parte sem o todo não é parte”.

Olhe para o seu processo de aprendizagem como uma sequência que tem começo, meio e fim, e que se estende no tempo, utilizando esse olhar para aplacar a perniciosa ansiedade. Respeite-se, mas sem jamais deixar de dar o melhor que você tem para você mesmo. Afinal, e como já se disse, “o tempo não respeito aquilo que não ajudou a edificar”. Portanto, cabe apenas a você investir na edificação dos seus objetivos.

A propósito, como você faz para manter vivos os conhecimentos que já tem? É necessário ter muito cuidado para não se esquecer do que já foi aprendido.

Vá pensando e refletindo sobre isso. Como essa questão de não se esquecer dos assuntos é muito importante, esse fica sendo um tema para conversarmos em breve, numa próxima postagem.

Abraço e ótimos estudos!

Denis França, Advogado da União.

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