Amigos vitoriosos, a convite do Professor Samuel Fonteles, coordenador do “mentoring” da EBEJI para Ministério Público Estadual, resolvi elaborar alguns textos abordando dicas e técnicas de estudo, com o escopo de ajudar os concurseiros.
Visando ser mais objetivo possível, optei por dividir os textos em diversas postagens. Neste primeiro “post”, decidi abordar e explicar detalhadamente a forma e metodologia que utilizei nos meus estudos, já que diversas pessoas me pediram isso, visando, assim, dar um norte para o concurseiro.
Sem mais delongas, vamos começar: todos nós que estudamos (ou já estudamos) para concurso, nos perguntamos, reiteradas vezes, durante a longa caminhada até a prova, qual a forma correta de estudar, quais livros ou cursinhos são os mais adequados, se é melhor grifar ou fazer resumo, de quanto em quanto tempo precisa ser feita revisão, se é necessário resolver exercícios e ler lei seca, etc…
Primeiramente – e, provavelmente, magoando muitos leitores -, gostaria de deixar claro que NÃO EXISTE JEITO CERTO DE ESTUDAR! Sim, é isso mesmo que você leu! Estudar não é uma receita de cozinha ou uma fórmula matemática! Assim sendo, o sucesso nos estudos depende de diversos fatores que podem ser potencializados, mas dependerá de várias circunstâncias, algumas, inclusive, de caráter pessoal. Fico abismado quando vejo as “fórmulas mágicas” dadas por alguns professores/cursinhos.
Métodos infalíveis vendidos – muito caros – aos concurseiros. Pois bem, grave comigo: a única fórmula mágica para passar em concurso é ESTUDAR! Estude e estude muito! Não importa se você estuda grifando, escrevendo, lendo, vendo aulas ou ouvindo áudios no carro. O que importa é que você estude e saia da zona de conforto! Pessoalmente, sempre gostei de estudar fazendo meus resumos e revisando constantemente, mas isso depende de cada um. Já vi aprovados que estudavam apenas grifando e outros que só assistiam aulas. Você tem que encontrar a forma que mais se adequa a você!
A seguir, vou explicar detalhadamente como EU estudava – repise-se, isso não significa que você deverá estudar assim e que isso dará certo com todos -, apenas visando proporcionar um norte aos concurseiros. Vou dividir esta primeira postagem em duas partes, já que tive dois grandes e diferentes “ciclos de estudo”:
(1) Meu estudo para os concursos de Delegado de Polícia do Estado de Goiás (2013) e Delegado de Polícia do Estado do Paraná (2013): na época (agosto de 2012), tinha acabado de formar na faculdade e, sem muito rumo, entrei em cursinho de carreira jurídica. Importante deixar claro que não trabalhava, por isso tinha o dia inteiro para estudar. Minha técnica era a seguinte: assistia aula à noite fazendo meu caderno manuscrito e esquematizado, utilizando sempre 3 canetas de cores diferentes para ajudar na memorização (vermelho para as partes mais importantes e azul e preto a depender do tema). Entenda, não era um resumo linear, mas sim um resumo esquematizado, utilizando setas, tabelas e abreviando as palavras para ganhar tempo. Sempre que eu percebia que o assunto poderia ser complementado posteriormente com livro, deixava um espaço embaixo das minhas anotações.
Utilizava folhas de fichário, dividindo cada matéria, bem como numerava todas as páginas no cabeçário. No dia seguinte, quando acordava, tomava café, me banhava e fazia minha primeira revisão, passando a grifar as partes importantes estudadas no cursinho na noite anterior. Utilizava marca-textos de diferentes cores: um para os títulos, outros para diferenciar palavras na mesma frase. Após isso, começava a complementar meu caderno com resumo de livros (para bibliografia, veja meu post no insta e no fb do artigo publicado pela EBEJI na semana passada), esquematizando as partes mais importantes. Caso precisasse acrescentar folhas, enumerava elas em sequência (ex: 2.1, 2.2, etc…). Perceba que meu caderno era a “junção” do cursinho mais doutrina. Tal técnica é criticada por alguns, já que “gera perda de tempo” ao escrever tanto, mas me ajudou muito, já que ganhei muito tempo com revisões e gerou uma coerência nos meus cadernos. No dia seguinte, revisava TUDO que tinha estudado de novidade no dia anterior (ex: a parte da doutrina que tinha acrescentado nas minhas anotações), grifando tudo que achava importante. Depois de alguns meses, revisava novamente o caderno. Quando percebia que determinado ponto tinha sido absorvido a contento e que não precisaria mais revisá-lo, começava a filtrar meus resumos (ex: colocava postite do lado apenas das coisas que revisaria novamente), ganhando tempo. Não lia lei seca (tirando os artigos apontados pelo professor do cursinho ou pelo livro) e não resolvia exercícios. Fui aprovado na primeira fase de ambos os concursos que prestei (Delegado GO e Delegado PR) e para a segunda revisei tudo novamente e comecei a resolver questões antigas e algumas criadas por mim. Sempre que chegava em um assunto importante, criava uma questão e a respondia. Fui muito bem em ambas as segundas fases, tendo sido aprovado nos dois concursos.
- Média de horas estudadas por dia: 6/8 horas;
- Tempo de duração dos estudos: de agosto de 2012 a 20 de dezembro 2012; de final de janeiro a fevereiro/março (acho que aí já comecei a prestar as provas, salvo engano);
- Provas prestadas: Delegado de Polícia do Estado de Goiás e Delegado de Polícia do Estado do Paraná, tendo sido aprovado em ambos.
(2) Meu estudo para o 59º concurso de Promotor de Justiça do Estado de Goiás (2016): como irão perceber, meu estudo para MP foi totalmente diferente do citado anteriormente. Começei meus estudos após quase um ano trabalhando na Delegacia de Polícia e meu tempo era escasso, fora o estresse e o cansaço. O engraçado é que meu tempo rendia muito mais e conseguia conciliar as coisas, mesmo chegando no final de todos os dias “morto de cansaço”.
Nesta fase, percebi que precisava abdicar de algumas coisas se eu quisesse passar e, por isso, abri mão do sono, lazer e atividades físicas. Minha vida passou a resumir-se em trabalhar e estudar, principalmente a partir de janeiro de 2016, quando mudei para Piracanjuba. Foi muito difícil e o que me mantinha firme era a vontade de realizar meu sonho! Aqui não vou passar meu cronograma de estudos, para não sair do foco (quiçá num próximo post), mas posso dizer que meu primeiro passo, ao tomar minha decisão de voltar a estudar para concurso, foi me ORGANIZAR! Organização é tudo! Como já dizia Abrahan Lincoln: “se eu tivesse oito horas para cortar uma árvore, passaria seis afiando meu machado”.
E foi isso que fiz! Afiei meu machado! Primeiramente, passei dias elencando todas as matérias cobradas no concurso, apontando a dificuldade de cada uma, decidindo como as estudaria e definindo quanto tempo precisaria para cada uma delas. Comprei inúmeros livros e defini que algumas matérias mais cobradas e nas quais não tinha base mínima seriam estudadas por cursinho, para ter uma noção prévia. Estabeleci que minha preparação seria para o concurso de Promotor de Justiça de Goiás, em 2016, e que não prestaria provas antes. Decidi que não resolveria exercícios até ter nível suficiente para tanto. De segunda a sexta, estudava uma matéria diferente, dividindo meu cronograma em estudo de 5 matérias por vez. O grande problema do estudo para MP é que são cobradas muitas matérias e o concurseiro precisa ter uma base mínima em todas, para não arriscar a sorte, principalmente na prova discursiva e oral. Todo dia acordava cedo e antes de ir trabalhar revisava a matéria do dia anterior, utilizando marca-textos. No horário do almoço e a noite estudava a “matéria do dia”, fazendo meus resumos esquematizados em folhas xamex que guardava em pastas divididas por matéria. Continuei enumerando as folhas e, sempre que podia, acrescentava folhas e as “sub-numerava” (ex: 18.1, 18.2..).
No decorrer do dia, sempre que lia algo interessante ou alguém mandava algo em um grupo do whatsapp, printava e colocava numa pasta específica no celular, que analisava no final de semana, imprimindo as partes mais interessantes e anotando outras. Sempre tinha comigo um bloco de notas, no qual anotava temas importantes que achava durante o dia, juntando-as no meu caderno posteriormente. No sábado, tirava a manhã para imprimir os informativos novos (da “Ebeji” e do “dizer o direito”), cortava cada decisão com tesoura, lia tudo, grifava e, logo em seguida, guardava cada decisão no caderno da matéria, sempre na sequência (ex: decisão sobre aplicação do princípio da insignificância era guardada no caderno de penal, na parte de tipicidade material, no capítulo do mencionado princípio). Perceba que criei um “caderno único”, para cada matéria, contendo absolutamente tudo que eu achava e sempre na sequência (ex: cursinho, resumo livros, questões antigas que achava interessantes, informativos, impressões diversas, etc…). Isto para mim foi o grande diferencial nos meus estudos! Manter uma sequência lógica ajuda bastante na hora das revisões e acaba gerando um expressivo ganho de tempo, principalmente na véspera da prova. Quando percebi que tinha alcançado um nível bom, comprei cursinho de questões e comecei a resolvê-las no sábado cedo, marcando tempo e, posteriormente, estudava cada exercício tentando entender meus erros e acertos, bem como aprofundando os temas. No sábado a noite, via de regra, vinha para Goiânia e saía para jantar, tirando o domingo de folga (após passar para a segunda fase abdiquei das folgas no domingo ou feriados, com exceção do casamento do meu irmão). Tirei 20 dias de férias para estudar para a prova discursiva e 10 para a prova oral. ABDICAÇÃO! Esta é a palavra! No tocante às revisões, como não tinha tempo, passei a deixá-las para as vésperas de prova (meus cadernos eram tão grandes que demorava meses para revisar tudo) e sempre filtrava as partes que já sabia, usando postites para marcar as folhas e temas que deviam ser revisados. Prestei uma única prova, MPGO, tendo certeza que não daria certo, por ser um dos concursos mais difíceis do país, mas felizmente consegui êxito! Fiquei em 7º lugar entre aproximadamente 6.000 inscritos, superando minhas expectativas! Que sirva de lição: confie em você! Posso dizer, sem medo de errar, que 2016 foi o ano mais difícil da minha vida, mas valeu a pena! Valeu muito!
- Média de horas estudadas por dia: no começo 4 horas; após passar para a discursiva e oral aproximadamente 6/8 horas; no final 10/12 horas (quando gozei minhas férias);
- Tempo de duração dos estudos: de janeiro de 2015 a junho de 2016 (quando teve a primeira fase do MPGO, salvo engano).
- Provas prestadas: 59º Concurso para Promotor de Justiça do Estado de Goiás, tendo sido aprovado.
Amigos vitoriosos, tentei, de forma objetiva, resumir minha rotina de estudos que me possibilitou a aprovação em todos os concursos que prestei! Reitero que tais dicas devem ser “personalizadas” para cada aluno, pois minha realidade pode ser diferente da dos demais. Ademais, aproveito o ensejo para aconselhar o “mentoring” do EBEJI para Ministério Público Estadual, coordenado pelo Professor Samuel Fonteles, aprovado em primeiro lugar tanto no concurso para Promotor de Justiça do Estado de Rondônia como para Promotor de Justiça do Estado de Goiás (o cara é fera!), já que confio muito em seu trabalho! No mais, estudem e saiam da zona de conforto. Contem comigo! Avante sempre!
Tommaso Leonardi. Promotor de Justiça do Estado de Goiás. Ex-Delegado de Polícia Civil do Estado de Goiás. Aprovado para Delegado de Polícia do Estado do Paraná.
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